quinta-feira, 21 de abril de 2011

Adeus!

É interessante a forma como nós, seres humanos, nos relacionamos com a morte. Ela nos espreita diuturnamente, está sempre ao nosso redor. Ainda assim achamos, baseados na nossa prepotência, que essa fatalidade está longe de nós.

A forma como a encaramos está muito atrelada aos valores culturais da sociedade em que crescemos e vivemos. Portanto, as reflexões que faço não são nem pretendem ser uma verdade universal. Muito pelo contrário, estão baseadas na minha experiência de vida e nos contatos que tive com essa senhora e sua foice que, por sinal, não foram muitos.

A primeira sensação que aparece é a de que "isto não pode estar acontecendo". Apesar de saber que a morte é a única certeza da vida, nunca nos preparamos para a morte de alguém que amamos. Enquanto sabemos que a pessoa está viva, nos parece que a morte passa a légua de distância. Mas, quando menos esperamos, ela aparece e leva desse mundo alguém que amamos. Aí se instala o pensamento citado porque não achávamos que isso iria um dia acontecer.

Os sentimentos que se instalam em seguida são muito variados. Alguns se desesperam, outros simplesmente aceitam. As reações são as mais diversas.

O dia seguinte, ao acordar (para aqueles que conseguiram dormir), é, talvez, o dia mais estranho de nossas vidas. Já tive contato com esta senhora por três vezes e, nas três ocasiões, me senti estranho no dia seguinte. A intensidade desta estranheza depende de dois fatores:


  1. a quantidade de contatos anteriores com a morte: quanto mais contatos, menor se sente estranho;
  2. a proximidade que se tinha da pessoa que se foi: quanto mais próxima, mais se sente estranho.
A estranheza é decorre do fato de que NUNCA MAIS aquela pessoa voltará ao nosso convívio. Que coisa! Alguém que estava ali, disponível para a gente, de repente não está mais, nunca mais! A impressão que ficamos é a de que tudo não passa de um sonho, que em algum momento a pessoa amada retornará ao nosso convívio e que tudo será como antes. Ilusão! Os dias passam e ausência se consolida.

Com o passar dos dias só nos resta a alternativa de nos acostumar a uma nova vida, sem a vida que se foi. Esquecer quem se foi, NUNCA. Afinal, de uma certa forma nos marcou com alegrias, tristezas, dissabores, momentos bons, enfim, um conjunto de emoções que devem permanecer para sempre em nossas lembranças.

Como diz a sabedoria popular, o tempo é o melhor remédio e a tudo cura.

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